Depois que as explosões no Reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl aconteceram, na madrugada de 26 de abril de 1986, liberando uma grande quantidade de radiação, era necessário que se tomasse uma providência para cessar o lançamento desta na atmosfera. Diante disso, em 20 de maio de 1986, iniciou-se o projeto do chamado “Abrigo” ou “Sarcófago”, uma estrutura gigante de metal e concreto, construída em apenas 206 dias, que abriga cerca de 200 toneladas de cúrio radioativo, 30 toneladas de poeira contaminada e 16 toneladas de urânio e plutônio.
Devido a rapidez da construção e os métodos utilizados para tentar evitar ao máximo o contato de seres humanos com os altos níveis de radiação, a capacidade de vedação do Abrigo é ineficiente, pois este possui uma área total de fissuras de 1000 m² em suas paredes e telhado.
Estima-se os níveis de radiação sejam de 100.000 mSv/h dentro do Abrigo e 500 mSv/h nas proximidades do lado de fora. A dose média de radiação natural para um ser humano é de 2,8 mSv em um ano. Por esse motivo, em 1996, a reparação completa da estrutura foi considerada impossível e iniciou-se o projeto do chamado Novo Confinamento Seguro (NSC).
A elaboração do projeto do NSC foi baseada em 4 objetivos principais:
- Limitação do impacto da radiação sobre as pessoas e o meio ambiente, tanto em sua operação normal como em situações de emergência;
- Limitação da disseminação da radiação ionizante e das substâncias radioativas contidas no Abrigo;
- Criação de condições para que estruturas instáveis existentes e materiais contaminados possam ser removidos;
- Proteção física que evite intrusões externas de qualquer tipo.
O arco, que é o componente principal de toda a estrutura, possui uma escala grandiosa de tamanho e componentes utilizados.
O consórcio NOVARKA, composto pelas empresas francesas VINCI Construction Grand Projects e Bouygues Travaux Publics foi responsável pelo projeto e construção, a qual foi feita com a utilização de sistema de macacos especiais da Mammoet Company. O arco foi construído a certa distância em que a taxa média de radiação não fosse tão alta, e depois levado até seu local final por meio de um sistema de trilhos.
Para garantir a segurança nuclear e de radiação, bem como a segurança geral da instalação, O NSC possui um Sistema de Controle Integrado, composto por sistema de monitoramento de radiação, sistema de monitoramento sísmico, sistema de monitoramento das estruturas, sistema de gestão e processamento de resíduos radioativos, sistema de segurança contra incêndio e sistemas de suporte adicionais (ventilação, abastecimento de água e luz e sistema de esgoto, que inclui a gestão dos líquidos radioativos gerados no local).
O custo total da estrutura foi de 1.5 bilhões de euros, financiados por meio do Fundo de Proteção Chernobyl, administrado pelo Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento. O tempo total de construção foi de 10 anos, tendo as obras sido iniciadas em 29 de outubro de 2007 e a operação da estrutura iniciada em novembro de 2017. Foram contratados profissionais de 27 países. A maior quantidade de serviços foi realizada por 2.000 trabalhadores, dos quais mais de 1000 ficavam constantemente no canteiro, sendo que 50 pessoas se concentravam apenas em atividades ligadas a proteção da radiação.
Atualmente, tem-se como meta o desmonte das antigas estruturas instáveis do Sarcófago, mas o financiamento destas obras ainda não foi determinado. Se a Ucrânia tiver que arcar com os custos, a operação do NSC se tornaria um fardo no orçamento, pois excederia os custos operacionais em cerca de 5 vezes, chegando a um gasto de 60 milhões de dólares por ano.
Escrito por: Andressa Caetano.
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