Enedina Alves Marques nasceu em Curitiba em 13 de janeiro de 1913 com origens humildes e veio a se tornar a primeira engenheira civil mulher no Paraná e a primeira engenheira negra no Brasil. Mesmo sendo um marco histórico relativo à engenharia no país, Enedina até hoje não recebe o reconhecimento merecido no âmbito que está inserida, sendo uma pioneira na inclusão das mulheres na construção civil. 

 INFÂNCIA E EDUCAÇÃO

Enedina era filha de uma empregada doméstica na casa de um delegado, e por ter a mesma idade que a filha da família ela foi matriculada nas mesmas escolas particulares que a menina, trabalhando como doméstica e babá para financiar seus estudos.  Em 1932 a mulher recebeu seu diploma de professora e por um período de tempo lecionou em escolas públicas no interior do Paraná.

Foto de Enedina ao lado de colegas professoras.
Fonte: Fundação Cultural Palmares.

Mesmo assim, Enedina nunca desistiu do seu grande sonho de ser engenheira civil, por isso em 1935 voltou à cidade de Curitiba, fazendo os cursos necessários para ingressar na universidade ainda custeando seus estudos fazendo trabalhos domésticos, ainda que desta vez indiretamente na casa de colegas. Finalmente em 1940 conseguiu se matricular no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na época em que a mesma ainda não era gratuita, graduando-se no ano de 1945 com notas boas apesar de todos  os impedimentos, sendo a quarta mulher no Brasil a ter esse diploma. A engenheira afirmava que sofreu muito preconceito dos outros alunos e professores durante a graduação, sendo muitas vezes ignorada pelos colegas por ser uma mulher negra e pobre.

VIDA PROFISSIONAL 

Em 1946 trabalhou como auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas do Paraná e em 1947 como decorrência de sua dedicação e destaque foi descoberta pelo governador Moisés Lupion, sendo contratada para trabalhar  no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica, contribuindo no Plano Hidrelétrico do Paraná e foi nesse período que viveu o grande marco de sua carreira, participando da obra da Usina Capivari-Cachoreira (hoje chamada de Usina Parigot de Souza) localizada na cidade de Antonina-PR. 

Algumas outras obras conhecidas de que participou foram:

  • Colégio Estadual do Paraná: No ano de 1950 Enedina trabalhou na construção do prédio que até hoje abriga o mais antigo colégio público do estado localizado em Curitiba, que atualmente foi tombado pelo patrimônio histórico do Paraná. 
  • Casa do Estudante Universitário: Construída em 1948, é a maior casa estudantil autofinanciada do país. Também está localizada em Curitiba.
Imagem atual da fachada da Casa do Estudante Universitário
fonte: Gazeta do Povo
Fotografia atual da fachada do Colégio Estadual do Paraná.
Fonte: Gazeta do Povo.
Imagem da Usina Parigot de Souza Vista de cima.
Fonte: Site da copel.

É de conhecimento histórico que, com a finalidade de impor autoridade em meio ao caos de  uma equipe desrespeitosa composta apenas por homens, Enedina deu tiros ao alto fazendo todos os funcionários da obra em questão (Usina Parigot de Souza) imediatamente obedecerem-na como engenheira encarregada. Outro fato marcante sobre Enedina, foi que mesmo tendo um porte físico pequeno e comportamento vaidoso na vida pessoal era comum vê-la com postura rígida e usando macacões e calças durante o trabalho, situação incomum nas décadas de 50 e 60. 

VIDA PESSOAL

Com a carreira estruturada, Enedina viajou o mundo e conheceu várias culturas. Nunca se casou ou teve filhos, mas viveu plenamente com sua independência, se aposentando em 1962 com o reconhecimento do então governador que lhe garantiu um salário proporcional ao de um juiz. Morreu em seu apartamento, sofrendo de um ataque cardíaco, no ano de 1981 na mesma cidade em que nasceu e passou a vida.. 

CONCLUSÃO 

Como já estabelecido é claro que Enedina não recebe todo o reconhecimento merecido como pioneira na engenharia civil, mas sua história como de muitas outras é uma grande inspiração para mulheres estudantes ou formadas nessa área que, mesmo sem conhecer sua história, hoje seguem o caminho que foi pavimentado por ela.

REFERÊNCIAS

https://www.sienge.com.br/blog/enedina-alves-marques/

https://www.turistoria.com.br/a-singular-trajetoria-da-engenheira-curitibana-enedina-alves-marques

https://unifei.edu.br/personalidades-do-muro/extensao/enedina-alves/

https://www.bemparana.com.br/noticia/casa-do-estudante-universitario-muito-mais-que-uma-moradia#.Yb-9uWjMKM8

https://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/inscricoes-para-a-casa-do-estudante-universitario-acabam-nesta-sexta-feira-bejeuq340o6chdmlc9ho79tfe/

https://www.gazetadopovo.com.br/parana/colegio-estadual-parana-restauracao-predio/

https://www.copel.com/hpcweb/copel-geracao/usina-parigot-de-souza/

https://www.palmares.gov.br/?attachment_id=44291

Escrito por: Nicole Gonçalez Cavalini.
Arte de capa por: Bianca de Oliveira Melo.

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